segunda-feira, 13 de outubro de 2008

NÃO QUER PRESSÃO? ENTÃO NÃO GERENCIE!!

Da Série Bastidores do Varejo, de Sergio Muller
Muito antes de Denis Papin, em 1679, ter inventado a panela de pressão, a pressão já existia. Os motivos que levaram o inventor a criar a panela, eram os mesmos, tempos depois, daqueles que revolucionaram as indústrias e outros negócios. Todos queriam resultados mais rápidos, econômicos e eficazes. Nada melhor do que a pressão, indiscutivelmente...E eles “fizeram escola”. Convenhamos que hoje, nada mais que não tenha pressão, funciona. Em qualquer negócio, em qualquer gestão, em qualquer operação.Uma certa ocasião, um gerente de RH de uma grande empresa, confessava-me que não suportava mais tanta pressão. Afirmava, nas suas confidências, que não conseguia mais ter noites de sonos tranqüilas. Acordava na madrugada e sentava à beira da cama, num desespero completo. Temia, sob todos os aspectos, o temperamento do seu superior. Muitas vezes, aguardava um sorriso e recebia um “rosnado”. Em outras, o inverso. A objetividade do chefe era direta e rápida, encurtando diálogos e decidindo questões em segundos. Não conseguia compreender os motivos daquela conduta. Era atormentado pela intercalação sistemática das reações que vinham de cima. Tinha convicção que seu chefe encarnava Machiavel e lia livros de terrorismo.Ele admitia que era uma festa na empresa quando o “big boss” viajava. Eram momentos de relaxamento total. Diretores, gerentes e funcionários circulavam faceiros nos corredores. Decididamente, a “casinha” ficava feliz.O problema é que, na selva que viraram os negócios, as “casinhas felizes” estão fadadas ao fracasso. Ou será que aquele que fica na lanterna das vendas merece sossego? Ou será que aquele que fica em primeiro nas vendas merece um relax? Não, ninguém merece! É preciso que haja pressão e mais pressão, pois, por incrível que pareça, tanto as vitórias como as derrotas conduzem a acomodação e ao desestímulo.A pressão preserva o lucro e o lucro preserva as pessoas. Então a pressão é fruto da sobrevivência. Então, há uma responsabilidade social com aquelas pessoas. Se o julgam como Machiavel, ficam vivos. Se o julgam como Madre Teresa, são mortos. Já reparou como os chefes bonzinhos perdoam? Não é à toa que são adorados. Ninguém, nem mesmo na infância, gosta de mestres exigentes. No entanto, nos esquecemos que os melhores professores foram aqueles que nos impuseram os maiores castigos.É claro que existem muitas correntes que fantasiam empresas de “nossa gente”, de “melhor empresa para se trabalhar”, que “aqui se trabalha com amor”, etc. Pura ficção cientifica de especialistas. Pura utopia dos RH de plantão, que, bem intencionados, sonham com empresas humanas. Alguns acreditam (os mais experientes fingem...) piamente nas “balelas” de empresários que afirmam “que nossa gente é o nosso maior patrimônio”. Volta e meia, celebram alguns benefícios. Pura e necessária história para compensar o ritmo intermitente da pressão. Todos os subordinados, sem exceção, se satisfazem com os benefícios homeopáticos que recebem e que os mantém fieis ao negócio.Já reparou que, principalmente nas grandes empresas, em intervalos de tempo, aparecem alguns benefícios? Eu nunca me esqueço de um empresário que, certa vez, me dizia: Na maioria das vezes, podemos melhorar em muito a vida de nosso pessoal. Mas benefício é uma coisa que você tem que dar aos poucos. Agora quanto aos “malefícios”, é melhor dar de uma só vez!Sinceramente, nunca conheci nenhum empresário bem sucedido que fosse bonzinho! Coincidência?
De: Wagner Araujo

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